A nova arma da Polícia Militar contra o crime começou a ser testada quinta-feira (28/04/11) e foi aprovada com louvor pelos ‘caveiras’ do Batalhão de Operações Especiais (Bope). O helicóptero totalmente blindado, batizado pelos policiais de ‘Sapão’, passou por várias atividades para que a tropa de elite se familiarizasse com a aeronave. E, pela primeira vez, uma equipe de reportagem acompanhou a série de exercícios com o Caveirão Aéreo, que já começou a fazer parte da rotina do Bope.

Dez homens do Grupo de Resgate e Retomada (GRR) testaram a aeronave, adquirida por R$ 6,9 milhões. O modelo americano Huey II passou por várias adaptações exigidas pela PM, para se adequar à realidade das operações cariocas. Ele tem capacidade para transportar até 12 policiais e operar também em ações de resgate.

“Será utilizado em diversos tipos de ações. É um ganho enorme para o trabalho, principalmente por ampliar a capacidade de ação e pela proteção dos policiais”, afirma o comandante do Bope, tenente-coronel Wilman René.

Por um dia inteiro, a tropa de elite cruzou o céu de Niterói, com o objetivo de conhecer e se adaptar à máquina. O blindado estreou este mês em duas ações, em Macaé e Santa Cruz, mas apenas no transporte de tropa. Na quinta-feira, em seis atividades específicas, os PMs avaliaram principalmente o desembarque.

As diferenças para o restante dos helicópteros da PM, de modelo Esquilo, são muitas. Com fuselagem totalmente blindada, que suporta tiros de fuzil, o Caveirão Aéreo carrega o dobro de homens. Antes mesmo de levantar voo, o ‘Sapão’ mostrou sua superioridade: o helicóptero comum da PM, de onde a equipe de O DIA acompanhou o teste do blindado, balançou apenas com o deslocamento de ar da hélice do blindado.

Já no ar, a camuflagem na pintura fez com que o gigante — que carregava 600 quilos, entre homens e equipamentos — se confundisse com o concreto da Ponte Rio-Niterói, a mata e até com a cor turva da água da Baía de Guanabara. “Também é mais estável, mesmo quando está planando. Dá mais segurança para descermos de rapel, por exemplo, porque não desequilibra”, explicou um sargento.

Foi na praia de Boa Viagem que o treinamento chamou mais atenção: com o helicóptero no ar, quatro policiais saltaram de fuzil em punho para dentro do mar.

Aeronave ficará em novo quartel

Caveirão Aéreo está atualmente no Grupamento Aéreo e Marítimo, em Niterói, enquanto o Centro de Operações Especiais (COE), a nova casa dos ‘caveiras’ em Ramos, não fica pronto. O local abrigará um grande complexo de instrução policial e atividades de quatro unidades especializadas, além de hangar para os helicópteros e píer para as lanchas.

Por decisão do governador Sérgio Cabral, um quartel temporário será criado no terreno de 150 mil metros quadrados, para dar suporte aos policiais que já começaram a atuar na região do Complexo da Maré.

A sede provisória, com contêineres, será no mesmo modelo da erguida pela Força de Pacificação do Exército nos complexos do Alemão e da Penha. As obras estão previstas para começar em duas semanas.

Passagem do blindado pelo MAC e Ponte Rio-Niterói chama atenção até de PMs

O treinamento dos ‘caveiras’ parou o Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) e o Centro de Niterói. Por onde passava, o helicóptero impressionava moradores e até policiais da unidade. Os sobrevoos ocorreram pelos bairros do Centro, Boa Viagem e Icaraí, passando por cartões-postais como o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a Ponte Rio-Niterói. Ali, a aeronave fez rasantes sobre a pista.

Durante pelo menos um mês, a tropa de elite vai treinar outros tipos de ações até atingir o nível de excelência em operações com o helicóptero blindado.

A série de atividades começou com o ‘fast rope’ — ação que põe o maior número de policiais o mais próximo possível do local de combate. Eles desceram por uma corda grossa, sem o uso de equipamentos de rapel e com o helicóptero em movimento. Na ação, assim como no rapel, é possível desembarcar rapidamente a equipe, para que a aeronave siga para outro ponto da operação, sem ficar muito exposta a riscos.

Em seguida, os ‘caveiras’ treinaram o desembarque rápido, quando há possibilidade de o helicóptero tocar o solo. Os policiais se posicionam no esqui e saltam quando o Caveirão Aéreo encosta no chão. Outra atividade que chama a atenção é conhecida como penca, movimento que retira os policiais de um local e os transporta para outro, pendurados por cordas.

Para quem entende do assunto, o novo equipamento vai fazer diferença no trabalho da tropa de elite. “A capacidade dele de transporte é muito maior. Apesar de não ser tão veloz quanto o Esquilo, atende mais às necessidades técnicas de operação porque têm todos os equipamentos que precisamos. Sem contar que não desestabiliza”, explicou o subtenente de operações Fernando Loterio.


Fonte: O Dia Online