A Epopéia do “Capitão América”
19 de outubro de 2009 5min de leitura
Assim começou nossa viagem, O PR–SCO (Águia 01) decolou, aos oito dias do mês de setembro de 2009, às 06h00min, hora local, do aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió/AL, onde fica localizada sua base operacional, com destino à EDRA AERONÁUTICA, com o intuito do cumprimento da revisão calendárica de 24 (vinte e quatro) meses e da Inspeção Anual de Manutenção (IAM).
Porém, para tanto, fez-se necessária a dedicação de vários dias, longe do seio familiar, da tripulação composta pelo Ten Cel PMAL Antonio Sotto do Cabo JUNIOR, comandante da aeronave, e pelo Cap PMAL Mário Henrique de ASSUNÇÃO, segundo piloto e escudeiro fiel nesta aventura.
Nosso primeiro destino foi a cidade de Aracajú/SE, após 01h36min realizamos nosso primeiro pouso para reabastecimento, tendo em vista que nossa aeronave dispõe de uma autonomia de 03h00min de voo, porém o planejamento feito para este traslado foi abastecermos, em média, a cada duas horas de vôo realizado.
Efetuada esta tarefa, iniciamos novo deslocamento, agora com o objetivo de chegar a Salvador, onde tivemos uma de tantas outras dificuldades que ainda estaria por vir, o vento neste momento parecia testar a perícia da tripulação, com intensidade de 24 knots, fazia com que o “Capitão América” mostrasse toda sua valentia e fidelidade aos que o conduzia, apesar da sua reduzida estatura, provou sua robustez, contudo, para compensar, tivemos uma recepção calorosa no Grupamento Aéreo da Bahia, na pessoa do Maj LÁZARO, Comandante desta Unidade, que por sua vez, nos apresentou suas novas e moderníssimas instalações, a qual seria inaugurada no dia seguinte da nossa passagem, e, que, por força da nossa missão, não pudemos participar deste momento de confraternização e de realização de nosso amigos.
Seguimos assim com nosso valente e destemido “Capitão América” apreciando a costa litorânea de todo o Estado da Bahia que se prolongou por mais 02h00min até o município de Ilhéus, onde, finalmente, demos por encerrado o percurso inicial de nosso primeiro dia de aventura.
Porém, estávamos apenas descansando para um novo dia de preocupações que ainda estava por vir, e assim fizemos. Como todos os outros dias que se seguiram, acordávamos sempre as 05h00min da manhã para que pudéssemos cumprir, o quanto antes, todas as determinações das autoridades aeronáuticas, e, assim, recebêssemos a autorização para decolagem com rumo, agora, para Porto Seguro/BA, o que nos consumiria 01h30min do tempo de viagem até nosso destino.
Estávamos apenas no segundo dia desse traslado, e para que pudéssemos cumprir a etapa que estava por vir, não seria possível não fosse o apoio incondicional do NOTAer/ES (Núcleo de Operações Táticas Aéreas do Espírito Santo) que teve a gentileza de deslocar uma viatura até o município de São Mateus/ES, com 100(cem) litros de combustível para que pudéssemos continuar nossa viagem, aquele gesto de solidariedade nos marcou profundamente, e temos a certeza que, sem o mesmo, nada seria possível, dada a nossa autonomia de 03h00min.
Enfim, realizado o abastecimento vencemos mais um trecho de nossa viagem até a cidade de Vitória/ES, onde mais uma vez pousamos para um novo pernoite.
Entretanto, ainda faltava muito para o cumprimento desta missão, e não podíamos nos entregar aos sabores de mais uma recepção calorosa dos nossos companheiros, Cap PM Quintino e Cap PM Alfredo, que logo perceberam a necessidade de uma ducha no “Capitão América”.
Novo despertar, e mais um dia de obrigações para seguir, desta vez o destino seria o município de Campos dos Goitacazes/RJ, onde abastecemos e enquanto aguardávamos autorização para decolar, fomos até uma quitanda em frente do aeroporto para tomarmos uma GUARAVITON, pois nosso corpo já estava precisando de uma energia extra.
Desta feita, chegamos à cidade maravilhosa, foi quando percebi a alegria nos olhos de quem recordara bons tempos de sua infância, assim era a emoção do Ten Cel Junior na chegada ao Rio de Janeiro, e como não bastasse, todo pessoal do GOA/RJ, em Jacarepaguá, inclusive seu comandante o Cel BMRJ Brito, unidos, nos recepcionaram e colocaram à disposição toda a sua estrutura.
Contudo, não devíamos nos envolver com todo esse companheirismo, pois iríamos nos apegar a tamanha gentileza, uma vez que teríamos que partir, e a saudade dos gestos calorosos nos impulsionam a querer ficar… A Serra do Mar estava por nos esperar, parte da missão estava cumprida.
Mais um pouso e abastecimento no município de Ubatuba/SP, agora com destino ao aeroclube de Itanhaém. Foi onde conhecemos ícones da aviação nacional, pessoas que realmente gostam daquilo que fazem: Sr. Pietro, italiano de nascimento, proprietário de dois Hangares no aeroclube, que juntamente com Sr. Alvarez, espanhol, que nos receberam com grande satisfação. Após o abastecimento, permanecemos, por algumas horas, ouvindo as estórias do “italiano maluco”, como é conhecido por seus amigos aviadores.
Não esquecendo que ainda teríamos de transpor o nosso maior obstáculo, a Serra do Mar, onde, por três dias, a aeronave permaneceu pousada na Base de Praia Grande/SP do GRPAe/SP, e, como não poderia ser diferente, a calorosa recepção de todos que fazem esta unidade. Para aumentar ainda mais a minha alegria, reencontrar com amigos de turma e sentir a satisfação em nos receber naquela unidade, fica aqui o agradecimento sincero e saudoso ao Cap Beni, Cap Adriani, Ten Gallo e Ten Mena Barreto e a todos os praças que nos atenderam com muita dedicação. Lembraremos com saudade daquele churrasco que fora realizado para concretizar a nossa visita.
Finalmente a meteorologia resolveu nos dar uma trégua, foi quando conseguimos vencer, o último obstáculo da nossa ida até a cidade de Ipeúna/SP, onde, por fim, entregaríamos o PR-SCO para revisão, às 13h00min de domingo, dia 13 de setembro de 2009.
Assim, foi carinhosamente apelidada nossa aeronave, ao longo do seu trajeto, de “Capitão América”, em função das cores que lhes foram colocadas, Azul, Branca e Vermelha. Para os mais antigos que fizeram parte da geração dos anos 80, época em que tampa de coca-cola era chamada de ficha, não custa recordar.
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