Patrulhamento Aéreo da PMESP completa 25 anos de atividade
08 de outubro de 2009 5min de leitura
08 de outubro de 2009 5min de leitura
Um longo toque da campainha é o sinal. Quatro policiais vestidos com o cobiçado uniforme verde-oliva – dois deles equipados com armas de grosso calibre – correm em direção ao helicóptero Águia da Polícia Militar, estacionado em posição estratégica e preparado para decolar rumo a mais uma ocorrência policial. Dessa vez, uma perseguição em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, deixou um policial baleado e os suspeitos estão em fuga. Dois minutos depois do sinal sonoro, os policiais já estão posicionados com armas em punho e colete à prova de balas, as hélices giram a todo vapor e a aeronave decola. Em cerca de 10 minutos, o Águia chegará ao local da ocorrência.
Essa sequência de ações é algo corriqueiro no Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo (GRPAe). Todo este trabalho logístico é coordenado por uma central de controle, responsável por selecionar as ocorrências que chegam por duas vias: pela Central de Operações Bombeiro Militares (COBOM) ou pela Central de Operações Policiais Militares (COPOM). Ao mesmo tempo, pelo menos cinco militares permanecem atentos às telas dos monitores por meio dos quais acompanham todas as ocorrências policiais registradas na capital. Esse sistema de trabalho impede que o cidadão tenha comunicação direta com o GRPAe, procedimento que evita trotes e decolagens desnecessárias, afinal, cada hora de vôo de um Águia custa R$ 1,2 mil para o Estado.
Em 2009, o GRPAe completou 25 anos de atividades. A frota, que começou com uma aeronave em 1984, agora já tem 16 helicópteros (15 HB-350 Esquilo e 1 Schweizer HU-30), seis aviões e 70 pilotos para operá-los. Os helicópteros estão espalhados no Estado, sendo que dez estão na capital e cinco nas bases do interior – localizadas em Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José dos Campos e Praia Grande. E a frota vai aumentar: mais quatro helicópteros (AS350B2) já foram encomendados pelo Governo do Estado e serão enviados, até 2010, para as cidades de Piracicaba, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Sorocaba.
Como qualquer outro helicóptero, o modelo dos Águias é capaz de permanecer no ar por 3h30 com tanque cheio – o que corresponde a uma viagem de ida e volta com quatro pessoas a bordo entre a capital e Ribeirão Preto. Entretanto a frota da PM também possui recursos exclusivos como rádio comunicador com freqüência única (que não pode ser interceptada por outros aparelhos), GPS adaptado (um sistema de navegação que garante maior precisão que os convencionais) e câmeras super-potentes localizadas na parte de baixo da aeronave, capazes de identificar suspeitos e checar placas de carros com mais de 1 quilômetro de distância.
Além de possui equipamentos de última geração, os helicópteros da PM têm alguns “privilégios”. “Nossas aeronaves podem voar abaixo da altura mínima permitida e pousar em qualquer lugar. Claro que a responsabilidade é do comandante”, explica o capitão do Grupamento Aéreo, Wander Satil de Souza. Nos 25 anos de atividades, a frota passou metade do tempo no ar. “Os Águias já realizaram cerca de 120 mil missões e voaram quase 72 mil horas. Isso significa 12,5 anos no ar”, completa o comandante.
Se a sala de controle emite dois longos sinais sonoros, a missão é diferente: trata-se de um resgate. Ao lado do helicóptero que acabara de partir para dar suporte aéreo aos policiais que estão nas viaturas, uma aeronave está a postos para ajudar a salvar vidas. Desta vez, embarcam na aeronave piloto, co-piloto, médico e enfermeiro. Quanto menos gente, melhor porque, quase sempre, a aeronave é usada para transportar pessoas em estado grave até os hospitais.
“Em 90% dos casos levamos as vítimas para o Hospital das Clínicas, que é capacitado para atender praticamente todas as ocorrências. Ainda temos hospitais de referência regionais como o do Mandaqui e o Santa Marcelina”, explica o capitão Satil. Essa rotina se repete diariamente, das 6h30 até o pôr-do-sol – enquanto há luz natural, existe possibilidade de pouso.
O Águia também realiza missões de combate a incêndios e apoio aos bombeiros do litoral do Estado. “Com o helicóptero, chamamos os banhistas para perto da areia e, em caso de afogamento, ajudamos a resgatá-los”, explica o capitão. Para completar, as aeronaves do GRPAe também fazem transporte de órgãos para transplantes urgentes.
Para fazer parte do seleto time de comandantes da Polícia Militar, é preciso se preparar para uma maratona de estudos. O primeiro passo é superar o concorrido vestibular da Fuvest e cursar os quatro anos da Academia do Barro Branco. Concluída esta fase, é necessário passar pelo menos três anos em bases operacionais da corporação – função administrativa não conta.
Após os primeiros sete anos, é preciso ter sorte para participar de um concurso interno para pilotos – o que ocorre apenas quando os mais velhos se aposentam ou o Governo adquire novas aeronaves. Aprovado no exame, a última etapa dura cerca de cinco anos e é composta de cursos teóricos e práticos, exames médicos e psicológicos e muito treinamento. Se tudo correr conforme os planos, um membro da Polícia Militar leva 12 anos – após o ensino médio – para se tornar um comandante do Águia.
Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo, em 07/10/09
Fotos: Acervo e Jonne Roriz, Agência Estado.
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