Espírito Santo – Mais de quatro anos após o acidente de helicóptero do NOTAER/ES, ocorrido no dia 10 de agosto de 2018, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica, finalizou o relatório do incidente na Fazenda do Incaper, em Domingos Martins.

Saiba mais: Helicóptero do NOTAer que transportava o Governador do ES sofre acidente e todos passam bem

11956260-7f0d-0136-3fce-6231c35b6685--minified

O documento, publicado em 21 de setembro, apontou fatores que podem ter contribuído para a queda da aeronave, ocorrida no momento em que o piloto pousava em um campo de futebol da cidade da região serrana.

Segundo as investigações, toda a documentação relacionada ao uso do helicóptero estava em dia. Também não foram constatadas falhas mecânicas.

Porém, aponta que o percurso entre Vila Velha e Domingos Martins foi feito sem um planejamento de voo. O relatório enfatiza que a decisão de prosseguir com o pouso sem apoio auxiliar de uma equipe de solo prejudicou a avaliação de risco da ação.

“A decisão de prosseguir com o pouso sem o apoio da equipe de solo da Casa Militar do Governo para informar se a área estava ou não livre de obstáculos, conforme a doutrina consolidada na UAP (Unidade Aérea Pública), caracterizou a inadequada avaliação dos possíveis riscos envolvidos na operação, assim como uma inadequação dos trabalhos de preparação para o voo”, apontou o relatório, indicando uma falha de segurança da Casa Militar.

1a97d6a0-7fb1-0136-4904-6231c35b6685--minified

Além disso, a pintura desgastada de uma trave de futebol contribuiu para que a manobra de decolagem fosse prejudicada.

“A pintura da trave era da cor cinza, estava bastante desgastada e apresentava ferrugem em diversos pontos, oferecendo pouco contraste em relação ao gramado do local”, destacou.

O relatório diz que, na tarde do acidente, a iluminação natural no local da queda era reduzida em virtude da sombra produzida pela topografia do lugar.

A pouca luminosidade somada à presença da trave no local de pouso resultou na falha no pouso. O piloto teve dificuldade em distinguir o objeto próximo ao helicóptero, segundo o documento.

“Depois de posicionar a aeronave em voo pairado, no centro do campo, o piloto comandou um giro à esquerda para concluir o procedimento de pouso e, nesse momento, o rotor de cauda do helicóptero colidiu contra a trave de futebol”, narra.

“Após o primeiro impacto, o helicóptero se desestabilizou e iniciou um giro sem controle à esquerda, o que resultou na colisão do rotor principal contra o terreno e no tombamento da aeronave para a direita. Os destroços ficaram agrupados no centro do campo de futebol”, descreveu.

0ffdd470-7f0c-0136-3fa9-6231c35b6685--minified

O documento sugere, ainda, que a tripulação tenha ficado pressionada em cumprir o voo no menor tempo possível ao transportar o governador, autoridade máxima.

“Adicionalmente, o fato de ter a maior autoridade do Estado como passageira pode ter acarretado pressões autoimpostas para que o voo fosse concluído no menor tempo possível. Essa condição poderia produzir dificuldades para perceber, analisar e escolher a alternativa mais adequada, comprometendo a qualidade do processo decisório da tripulação”, ressalta.

O Cenipa recomenda que a Casa Militar do Governo do Espírito Santo aprimore os procedimentos, as instruções e as orientações de seu sistema de segurança. O documento destaca, porém, que o objetivo do relatório não é culpabilizar ninguém e sim identificar o que o pode ser aprimorado para evitar novas ocorrências.

Veja abaixo o link do relatorio final 

RELATÓRIO FINAL A-133/CENIPA/2018