A Pilotagem Policial de Helicópteros e os Processos Criativos: desafios e vicissitudes sobre a emergência do novo
19 de agosto de 2024 2min de leitura
19 de agosto de 2024 2min de leitura
VANESSA DA SILVA SANTOS FRANÇA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco
como requisito final para obtenção do grau de
Mestre em Psicologia Cognitiva.
Esta pesquisa se propôs a investigar os processos criativos na realidade cotidiana da ação do piloto policial durante uma ocorrência de segurança pública caracterizada pelo confronto armado. Adotamos uma concepção de criatividade distribuída, relacional, histórica e cultural, repelindo os modelos teóricos que reduzem o processo criativo a variáveis intra psicológicas e reforçam o paradigma do gênio criador.
Para tal, encontramos aporte teórico nas propostas da psicologia cultural da criatividade de Glaveanu, nos trabalhos de Vygotsky e seu entendimento da criatividade como atividade humana que resulta em novidade, do criador como produto de sua época e da centralidade da linguagem neste processo, e também nodialogismo do filósofo Mikhail Bakhtin e suas alegorias filosóficas importantes como a exotopia e o excedente de visão.
Tivemos por objetivo compreender como se singularizam os processos criativos na ação do piloto policial através da dinâmica semiótica-cultural da experiência desse sujeito e para tal, nos propomos a mapear na experiência desse piloto policial as alteridades que atuam na ação criativa e suas formas de integração, refutação e coordenação face ao inesperado da situação, bem como buscamos inferir como os processos criativos se singularizam em sua dimensão afetiva e cognitiva no contexto da prática da pilotagem policial de helicópteros.
Adotamos a abordagem idiográfica qualitativa estruturada em quatro etapas: a escolha do registro em vídeo da ocorrência aeropolicial da unidade aérea e sua tripulação, a seleção dos trechos de vídeos e imagens utilizados nas entrevistas, a entrevista com o piloto policial de helicóptero com exibição dos vídeos e imagens selecionados e a entrevista coletiva com a tripulação com a exibição dos vídeos selecionados.
A análise dos dados e as discussões se basearam em quatro eixos interpretativos: Perspectiva, ambiguidade e ambivalência, temporalidade e uso de instrumentos. Nossos dados mostraram que nos momentos de maior risco e aumento da tensão, a incerteza se faz acompanhada de uma ampliação da sensação de dilatação do tempo de duração da experiência e de uma suspensão de sentidos prévios que, ante à indeterminação do futuro, surge de um lado a perícia e do outro o conjunto de valores que balizam as decisões e as ações na emergência do novo.
Nossa principal contribuição é uma proposta de estudo dos processos criativos em uma abordagem sócio-histórico-cultural de uma atividade laboral marcadamente prescrita e procedural diversa do campo das artes, em um contexto de risco e emergência.
Acesse aqui o trabalho monográfico na íntegra:
Autor: VANESSA DA SILVA SANTOS FRANÇA
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