Governador interino do Rio quer critérios claros para usar helicóptero em operações policiais
03 de setembro de 2020 2min de leitura
03 de setembro de 2020 2min de leitura
Rio de Janeiro — O governador interino do Rio, Cláudio Castro, já elegeu suas prioridades imediatas: saúde e segurança pública. Em reuniões realizadas recentemente com representantes das duas áreas, ele determinou maior foco no combate à pandemia do coronavírus e uma ação para viabilizar um entendimento com o Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às operações policiais em comunidades.
Além disso, uma volta da Secretaria de Segurança, extinta para a criação de pastas independentes para as polícias Civil e Militar, é uma possibilidade que vem ganhando força no Palácio Guanabara.
O STF impôs restrições ao estado, como a proibição do uso de helicópteros, e exigiu a apresentação de justificativas ao Ministério Público do Rio para a realização de incursões a favelas. Castro, no entanto, não quer investir numa política de confronto: seu desejo é moldar uma atuação policial que não dê brechas para novos questionamentos jurídicos e que diminua riscos de denúncias de abusos.
Anterior ao afastamento de Wilson Witzel ser afastado do governo por determinação do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, Castro sugeriu à Procuradoria Geral do (PGE-RJ) que peça, judicialmente, esclarecimentos ao STF sobre as restrições. O órgão deverá apresentar um embargo de declaração, medida jurídica utilizada para esse tipo de caso. Por sete votos a três, o plenário do Supremo decidiu, no dia 18/8, que o uso de helicópteros deve acontecer “apenas nos casos de observância da estrita necessidade”. Além disso, vetou operações sem planejamento, com exceção para situações de emergência.
Ainda em relação à área de segurança, Castro não quer que se repitam situações como a da última quinta-feira, em que representantes das polícias Civil e Militar deram declarações conflitantes sobre uma invasão do Complexo do São Carlos por traficantes de dez comunidades. Uma comerciária foi morta durante um confronto entre bandidos, enquanto protegia o filho de 3 anos. O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, alegou que a corporação poderia ocupar as favelas da região se tivesse informações de setores de inteligência que indicassem a iminência do ataque. Já o delegado Felipe Curi, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, apresentou outro entendimento: para ele, “ações preventivas ficam fora desse conceito de excepcionalidade”.
Duas semanas antes do ataque, a 6ª DP (Cidade Nova) detectou uma movimentação de criminosos que indicavam a possibilidade de uma invasão, mas nenhuma providência foi tomada. Anteontem, durante uma reunião no Palácio Guanabara com representantes das Polícias Civil e Militar, o governador em exercício disse que não quer “ruídos de comunicação”. A decisão de Witzel de extinguir a Secretaria de Segurança, que controlava as duas corporações, é uma medida já reavaliada.
Castro também cobrou projetos das polícias Civil e Militar, da Administração Penitenciária e do Corpo de Bombeiros. Segundo uma fonte ligada ao governador interino, ele quer aproximar a PM dos moradores, mas descartou programas como o das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), da gestão Sérgio Cabral.
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