SAMU Aeromédico: Quando uma Vida não é salva, sinto que meu Trabalho foi em vão
06 de fevereiro de 2020 3min de leitura
06 de fevereiro de 2020 3min de leitura
Paraná – Desde dezembro do ano passado, o helicóptero utilizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maringá no resgate às vítimas tem também no comando uma mulher. Aos 40 anos, a comandante Mariana Botelho integrou a equipe responsável por guiar a aeronave que ajuda a salvar vidas na área de abrangência do Samu Norte Novo.
Fruto de uma família apaixonada pela aviação, Mariana e o irmão gêmeo seguiram a carreira do pai.
“Meu pai quando novo tirou brevê de avião [documento que dá permissão para pilotar aviões], mas não seguiu carreira. Virou bombeiro de Brasília e lá fez parte da primeira turma de pilotos de helicóptero da Secretaria de Segurança, onde o serviço era integrado com as polícias Civil e Militar. Ele voou com resgate por mais de 10 anos. Meu irmão gêmeo virou piloto de avião e eu de helicóptero”
Mariana saiu da capital federal, onde nasceu, para voar fazendo fiscalização ambiental na Amazônia. Depois de oito anos de trabalho, foi a hora de expandir os horizontes dentro da aviação e ter o primeiro contato com o resgate aéreo.
“Trabalhei em alguns resgates aéreos pelo Brasil, fiz sismografia, combate à incêndio florestal, voo policial, aerolevantamento e depois panorâmico em Foz do Iguaçu”, detalhou. Foi morando em Foz do Iguaçu, onde permanece até hoje, que a comandante foi convidada para integrar o resgate aéreo do Samu de Maringá.
“Voar para mim já é um sonho por si só, mas voar resgate é imensamente melhor por ser um voo gratificante de se fazer. A profissão para mim é como todas as outras, necessita dedicação e treinamento.
O que vejo de diferencial dentre outras é que temos que ter consciência de que a possibilidade de criarmos raízes em algum lugar é bem remota”, considerou.
Segundo ela, a ideia, agora, é se mudar definitivamente para Maringá.
Atualmente, Mariana é responsável pelo comando do helicóptero As350B2 Esquilo e se tornou referência na aviação internacional por causa das horas de voo à frente de aeronaves do tipo. Em 19 anos de profissão, a comandante conquistou reconhecimento pela experiência com este modelo de helicóptero, utilizado por quase todas as corporações de bombeiros e polícias do Brasil, de acordo com ela.
“Quanto mais se voa um equipamento, mais se cria familiaridade com ele, facilitando tanto a manobrabilidade quanto a resposta e identificação de eventuais problemas. Aumenta a proficiência referente àquele equipamento”, explicou.
Junto aos anos de experiência se somam, também, as histórias vividas diariamente. Para ela, as marcantes envolvem as vítimas que, infelizmente, não puderam ser salvas pela equipe.
“As histórias que me marcaram são as que não conseguimos salvar, essas não gosto de falar. Sinto que meu trabalho foi em vão”, comentou. O helicóptero Saúde 10, do Samu de Maringá, já tem mais de 1.500 ocorrências atendidas em toda a região. Com o auxílio da aeronave, o resgate às vítimas de acidentes de trânsito, vítimas de traumas ou de problemas clínicos se tornou ainda mais ágil, aumentando as chances de sobrevivência. A aeronave, que opera em um raio de 250 quilômetros, tem mais de 1.560 horas de voo.
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