Eles são policiais, mas a prioridade é salvar vidas. No Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA/PR), o princípio é ajudar os outros a viver.

Equipe do BPMOA da Polícia Militar. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Equipe do BPMOA da Polícia Militar. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Com seis aeronaves, sendo quatro helicópteros e dois aviões, a equipe aérea da PM paranaense está preparada para situações de extrema emergência. O grupo é composto por 63 militares, entre policiais e bombeiros altamente capacitados, que trabalham em diversas funções: pilotos, médicos, tripulantes operacionais, auxiliares de manutenção aeronáutica e nas áreas administrativas.

Além disto, a integração com as equipes das ambulâncias do Siate e Samu são essenciais para a excelência no trabalho. Até porque, não há brecha para erros nos 120 atendimentos realizados por mês, uma média de quatro por dia, em toda a região Leste do Estado. A área abrange Curitiba, Região Metropolitana, litoral e Campos Gerais.

O treinamento é duro. A ideia é ter os melhores profissionais com habilidade e coragem para desafiar inclusive o próprio medo. Em 2017, no 1.° Curso de Tripulante Operacional, foram 156 candidatos interessados e somente 12 foram selecionados para atuar no BPMOA. Com 40 dias de treinamento em terra, água e ar, quatro militares abandonaram no meio do curso e restaram oito que estão até hoje no Batalhão Aéreo.

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Helicóptero da PM em ação: prioridade do BPMOA é salvar vidas. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

O BPMOA atua em missões de apoio ao policiamento e salvamento, dando suporte lá do alto em perseguições policiais, combate a incêndios florestais, resgates, remoções, transporte de órgãos vitais, busca terrestre e aquática e também em salvamento na montanha. O tenente Maikon Venâncio Correa, 31 anos, atuava na atividade normal do Corpo de Bombeiros até decidir se aventurar ainda mais na profissão. Atualmente, é um dos pilotos de helicóptero do BPMOA.

“Sempre gostei das alturas e sempre achei interessante este trabalho. Salvar vidas é prioridade aqui e procurei melhorar na minha profissão. Temos conhecimentos que auxiliam em casos extremos de acidentes e gosto do que eu faço”, orgulha-se o tenente Maikon.

Salvamentos e perseguições

Diariamente, uma equipe de policiais militares e profissionais da saúde ficam de plantão no hangar do Aeroporto do Bacacheri. Quando os operadores aerotáticos recebem uma ocorrência, já fazem a triagem. Caso percebam que a situação necessite urgência, uma das equipes de aeronave é acionada. As equipes do BPMOA têm total autonomia para levantar voo. Ou seja, não precisam nem da liberação do comando-geral da PM e nem esperar o pedido de ajuda de outros órgãos de segurança. “Dependendo do caso, em menos de 1 minuto já estaremos prontos para agir. Entramos no helicóptero, taxiamos na pista e logo somos liberados pela torre. Isto ajuda demais em um atendimento ou até mesmo na busca por alguém suspeito”, ressalta o tenente Maikon.

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Um exemplo são as perseguições policiais. O piloto do helicóptero da PM explica que nestes casos a aeronave se transforma nos olhos da equipe em terra. “Quando se inicia um acompanhamento tático de veículo em fuga, colocando em risco a vida das pessoas no trânsito, a aeronave passa a ser o elo principal de visibilidade e informações para as viaturas em solo. Elas podem até diminuir a velocidade, pois o indivíduo não vai conseguir sumir dos olhos da equipe aérea da Polícia Militar”, ilustra o tenente.

Como funciona

Um dos helicópteros mais acionados em Curitiba é o Falcão 4, de fabricação francesa e que desde 2011 integra a frota do BPMOA. É um modelo Airbus EC 130B4, com a maior cabine de sua classe e com velocidade que chega a 300 km/h.

Em ações de resgate médico, o Falcão 4 decola com piloto, copiloto, um coordenador de operação aérea, um médico e um enfermeiro. Dois bancos foram substituídos por uma maca e um kit aeromédico, que inclui malas de atendimento a trauma, cardioversor, cilindros e máscaras de oxigênio. Monitores também podem ser acoplados próximo à cabine. O peso total da aeronave pode chegar a 1,5 tonelada, incluindo todos os equipamentos.

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Quando a operação envolve perseguições policiais, são piloto, copiloto e dois operadores aerotáticos com armas de longa distância e de precisão, como fuzis ou carabinas. Piloto e copiloto devem se concentrar exclusivamente na aeronave para que tudo corra bem. “Em qualquer operação, os pilotos são blindados. Eles não podem ser afetados pela notícia que chega. Se tem gente ferida, machucada ou até morta. No caso de confronto, existe um protocolo em que precisamos ficar em movimento até para não ter a possibilidade de sermos atingido. Nunca isto ocorreu por aqui”, explica o tenente Maikon.

A prioridade no atendimento do BPMOA é salvar vida. Portanto, se no monitor do operador aerotático aparecer um roubo a banco e no mesmo momento uma pessoa acidentada em uma rodovia, o helicóptero vai atender a vítima na estrada. A definição não é questionada e o plano de atuação é feito em segundos.

O local do pouso é outro ponto importante pensado pela equipe antes de chegar ao destino. Por isso, as informações repassadas pelo operador aerotático ao pilogo é fundamental para que tudo corra bem. “Os grandes obstáculos são o vento, fiação elétrica, árvore e até telhas soltas que podem vir em direção à aeronave com o movimento da hélice”, aponta Maikon.

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Salvamentos nas praias

O verão é um dos períodos de mais trabalho do BPMOA. Além dos acidentes nas estradas que aumentam, o movimento de pessoas nas praias, onde até 1,5 milhão de pessoas chegam a circular no litoral em períodos de pico como ano novo e carnaval, também aumentam os salvamentos de afogados. Por isso, durante a Operação Verão Maior, que vai até 25 de fevereiro, o helicóptero Falcão 3 está de prontidão na base em Matinhos.

Desde o dia 20 de dezembro de 2019, o BPMOA atendeu 43 ocorrências só nas praias. O número inclui remoções aeromédicas, rondas na faixa litorânea, salvamentos e buscas aquáticas. Mas o que mais preocupa realmente é imprudência dos veranistas no mar e nos rios.

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“Recomendamos que todos redobrem a atenção quando entram na água. Não deixe que uma brincadeira acabe com o futuro”, alerta o tenente Maikon. Portanto, seguir orientações, como não beber e entrar na água, só se banhar em locais monitorados por guarda-vidas, prestar atenção nas indicações das bandeiras no mar, são fundamentais para que a equipe do BPMOA não precise ser acionada.