O clima esquentou ontem (30/08/2010) entre principais candidatos ao governo do Estado, Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT), durante encontro com prefeitos promovido pela Associação dos Municípios do Paraná (AMP), em Curitiba.

Mais uma vez, a promessa de Beto de implantação de cinco helicópteros em regiões estratégicas do Paraná para transporte de pacientes graves foi alvo de crítica ferrenha de Osmar.

“Eu não sou irresponsável em fazer uma brincadeirinha na TV sobre algo que depois nem eu acredito. É impossível que alguém em sã consciência acredite que isso possa dar certo. O dia que chover, coitado do paciente”, disse Osmar, dando a entender que o helicóptero não decola em dias de chuva.

Comunicado das falas do candidato do PDT, que conversou com os prefeitos antes, Beto disparou na defesa. “É uma ignorância em relação ao assunto. Helicóptero não é de açúcar. Ele (Osmar) está preso ao passado no que diz respeito à gestão pública. Os helicópteros já existem em outros estados, é um serviço moderno”, garantiu Beto.

Segundo o candidato do PSDB, a única restrição à operação do helicóptero é a baixa visibilidade, o que não permite que os equipamentos sejam utilizados à noite.

Durante a conversa de Osmar com os prefeitos, Requião estava sentado ao seu lado e, enquanto as perguntas dos prefeitos eram feitas, o ex-governador conversava com Osmar, o que deu margem para Beto partir para o ataque.

“Ele tem um padrinho, está servindo de boneco de ventríloquo. De agressor na campanha passada, virou mestre”, disse Beto. Sobre as recentes críticas de Osmar, Beto disse não passarem de desespero, depois das pesquisas que mostram o candidato do PSDB com vantagem de até 16 pontos (Ibope).

“A única coisa que é previsível nele é a agressão e a truculência. Há dois meses ele me entregou um documento pedindo para me apoiar. Eu não sou biruta de aeroporto, não pulo de galho em galho”, atacou.

Sobre o documento, Osmar diz que foi uma consulta ao PDT nacional, que vazou ao PSDB, sobre que posições o PDT local poderia tomar. “Não esperei que estruturas partidárias se formassem em torno de mim para ser candidato”, completou Beto.

Saúde

O repasse aos municípios de 12% dedicados à saúde também foi abordado pela AMP. Nos últimos anos, o governo do Estado incorporou a esses 12% programas como o Leite das Crianças e gastos com saneamento, método com o qual Osmar deu a entender que concorda.

“A construção de hospitais e o Leite das Crianças não contam?”, perguntou. Beto discordou. “Se é possível colocar o Leite das Crianças, então também pode colocar arroz, feijão, fruta, porque todos contribuem para uma vida saudável”.

Osmar disse acreditar na vitória de Dilma Rousseff (PT) já no primeiro turno e lembrou a facilidade que uma linha direta do governador com a Presidência da República proporciona para a liberação de recursos.

“Os prefeitos precisam pensar em quem será eleito presidente”, alegou. Beto rebateu. “Não dependo desse ou daquele presidente ganhar para fazer um bom governo”.

Mais recursos

A principal reivindicação dos prefeitos aos candidatos foi a de liberação de mais recursos para o transporte escolar, bandeira recorrente da AMP nos últimos anos. “Dos R$ 153 milhões investidos em 2010, só R$ 53 milhões foram de repasses do governo estadual, o restante foi investimento dos municípios. Além da má conservação das estradas, que prejudica a frota de ônibus”, afirmou o presidente da AMP e prefeito de Castro, Moacyr Elias Fadel Junior (PMDB).

Ao responder sobre o tema, Osmar fez elogios à gestão de Requião, ao referir-se ao “grande programa do transporte escolar” do ex-governador. Tanto Osmar quanto Beto se comprometeram a melhorar as estradas.

O prefeito de Quedas do Iguaçu, Edson Hoffmann Prado, o Jacaré, informou aos candidatos que 21 municípios da região decidiram que a partir de 2011 não farão mais o transporte dos alunos estaduais.

Para os prefeitos, eles arcam com uma responsabilidade estadual sem ter a contrapartida necessária. O impasse sobre a responsabilidade do transporte escolar é antigo.

No ano passado, a demora na liberação dos ônibus pelo governo do Estado foi motivo de reclamações e houve a crítica de estar sendo usado como objeto político, já que muitos ônibus só eram liberados quando o então governador Roberto Requião (PMDB) ia até os municípios para fazer a entrega oficial.

Enquanto isso, a frota de ônibus ficou parada durante meses em frente ao Palácio Iguaçu. Na época, a justificativa dada pela Secretaria da Educação (Seed) é que os ônibus aguardavam trâmites de registro e emplacamento, e que as prefeituras só recebiam os veículos depois de pagamento do seguro e de realização de curso pelos motoristas.


Fonte: Paraná Online, por Luciana Cristo.