Há 45 anos, no dia 1º de fevereiro de 1974, uma manhã rotineira de trabalho no Edifício Joelma, um prédio de salas comerciais no Centro de São Paulo, foi interrompida por uma das maiores tragédias da História do país. O Brasil ficou em choque com as imagens de pessoas saltando das janelas e sacadas para escapar das chamas e da fumaça. O incêndio consumiu 14 dos 25 andares da construção, deixando 187 mortos e 300 feridos.

edificio joelma

Pilotos pioneiros escreveram mais um nobre capítulo na história do salvamento aéreo no Brasil e no mundo, desbravando e inspirando o uso de helicópteros em operações de segurança pública.

Joelma UH-1H

Assim como nos dias de hoje em Brumadinho/MG, há 45 anos atrás, pilotos, tripulantes, bombeiros, policias militares exibiam perícia, coragem e abnegação em salvar pessoas, e a aviação definitivamente mostrava a sua importância fundamental em eventos de crise.

Leia mais sobre a atuação da aviação no artigo O incêndio do Edifício Joelma – um breve relato.

Edificio Joelma 1

Acompanhe o cronograma do incêndio:

8h50m: Um curto-circuito no sistema de ar condicionado do 12º andar, seguido de uma explosão, deu início ao incêndio. Em pouco mais de 5 minutos, as chamas atingiram o 25° andar.

9h: Chegam três viaturas do Corpo de Bombeiros, mas quatro pessoas já haviam saltado do edifício.

9h20m: Os bombeiros resgatam, com a escada Magirus, uma moça. Mais sete
pessoas esperavam sua vez para descer. No 16º andar, sem muitas chances de se salvar, mais duas pessoas.

9h25m: Chega outra escada Magirus, e, a partir daí, vão chegando também novas viaturas do Corpo de Bombeiros, carros-escadas, carros-bombas e carros-tanquês. Chegam também carros-pipas da Prefeitura do Estado, e das empresas construtoras do Metro.

9h30m: Chega o primeiro helicóptero, o PT HDY, da Pirelli, que sobrevoa o edifício, a esta altura totalmente encoberto pelo fogo e pela fumaça. Saltam mais duas pessoas, que caem na Avenida 9 de Julho. Começam a cair destroços do Joelma.

9h35m: Algumas explosões, talvez de botijões de gás, aumentam o pânico. Caem vitrais do prédio na Rua Santo Antônio. Bombeiros e policiais empurram a multidão. Algumas pessoas improvisam uma corda com uma cortina e descem, até a escada Magirus.

9h37m: Do 14º andar, um corpo cai, espatifando-se na Rua Santo Antônio.

9h40m: Uma mulher, que descia pela corda improvisada, cai, escorregando de cabeça para baixo, até atingir o primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate e que detêm sua queda. Bombeiros jogam água no 14º andar, onde três pessoas pediam socorro. Uma delas, uma mulher, cai. O Coronel Teodoro Gabette, Comandante da Polícia Militar, através de um megafone, pede calma: “Não saltem, vocês serão salvos”. Enquanto isso, pessoas que estavam do 13º ao 16º andar, começam a gritar, pedindo água, já que as mangueiras dos bombeiros não atingiam o local.

9h41m: Um estrondo no centro do edificio, de onde sai um fogo azulado. Outro corpo cai.

9h50m: Um corpo de homem cai na calçada da Avenida 9 de Julho, junto às viaturas dos bombeiros. A seguir, outro corpo, justamente na hora em que mais três helicópteros sobrevoavam o local, tentando o salvamento.

9h55m: Enquanto era montada uma base de atendimento no heliporto da Câmara Municipal, mais uma vítima se atira.

9h57m: Uma mulher, no 13º andar, ao lado de mais três pessoas, faz desesperadamente o sinal da cruz e salta para a escada dos bombeiros, que chegava apenas até o 12º andar. É salva.

10h: Um rapaz, no 16º andar, tira as roupas e faz uma corda, para atingir o 13º andar, Por ela descem outras pessoas. Quando chegou sua vez, ele despencou-se. No asfalto, em letras enormes brancas e amarelas, o apelo: “Deitem-se e esperem o salvamento”.

10h05m: Chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado, e da Forca Aérea Brasileira, que usam como base de operações o heliporto da Câmara Municipal, distante cerca, de 100 metros do local da tragédia.

10h10m: Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16º ao 13º, despenca por cima da Magirus e derruba na queda mais três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam levar a Magirus até o 19º andar, onde se encontram quatro pessoas, mas não conseguem. Jogam água o pedem calma.

10h15m: Chegam ambulâncias do INPS e de instituições particulares; litros de leite, cobertores e medicamentos também, para atender aos pedidos, feitos pelos médicos que assistem os feridos no heliporto da Câmara. Soros, antibióticos, seringas hipodermicas são recebidas. Junto ao marco da Bandeira, é instalado um posto ao ar livre para doadores de sangue. Centenas de pessoas foram ali, duas grandes filas.

10h17m: Mais duas pessoas se jogam do alto do edifício.

10h20m: A escada Magirus atinge o 19º andar, retirando 12 pessoas que lá estavam. O helicóptero da FAB transporta, pendurado num cabo, o Cap PM Caldas, do Corpo de bombeiros da Policia Militar. Não consegue, resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.

10h25m: Árvores são derrubadas a machadadas, para permitir o pouso dos helicópteros na praça. Bombeiros, com megafones, gritam para os que estão descendo pela Magirus: “Atenção! Atenção! Segurem-se bem na escada. Desçam com firmeza”. Neste momento, com o fogo já reduzido, outro corpo cai.

10h30m: Bombeiros intoxicados são recolhidos pelas ambulâncias. No 19º andar, cinco pessoas começam a desesperar,tentam atirar-se pela janela, porque o fogo se aproxima. Bombeiros pedem calma.Surgem problemas com as mangueiras, pois muitas delas estavam furadas.

10h50m: O chão do topo do edifício rebenta. Mais uma pessoa salta da laje. Um helicóptero pousa no edifício vizinho, o San Patrick, e recolhe duas pessoas. A multidão aplaude.

10h55m: Há muita gente ainda no 19º e no 20º andares. No 14º andar, um rapaz, Celso Bidingle, evita que uma moça salte e são salvos pela Magirus.

11 horas: O médico, Vanderley Peixoto, do Hospital das Clínicas, que atendia às vítimas no local, é removido para o próprio hospital, intoxicado pela fumaça.

11h10m: É solicitado reforço da cavalaria, que envia mais 50 homens, para afastar o povo.

11h35m: Os bombeiros tentam retirar, no 19º andar, um homem de terno marrom, que estava encostado à janela, demonstrando tranqüilidade

11h50m: Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm rumores de que até agora 30 pessoas saltaram do prédio.

12h: Bombeiros continuam na tentativa de salvar o isolado sobrevivente do 19º andar.

12h30m: Somente o helicóptero cia UH-1H da FAB, tripulado pelo, então, Maj Av Pradatzki, Ten Av Taketani e pelo Sgt Silva, mecânico da aeronave, consegue se aproximar do prédio, devido ao forte calor.

12h35m: Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19º andar, são salvas. Até o momento, o número de pessoas salvas é de 80.

12h40m: O pior trabalho é realizado dentro do edifício, na retirada de vítimas.

13h45m: Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31º andar do Edífcio Conde Prates, na Rua Líbero Badaró, 239, algumas pessoas, ainda com vida, no 21º andar do Edifício Joelma.

14 horas: Os bombeiros afirmam não haver mais ninguém vivo no prédio.

14h10m: Três pessoas sãó retiradas com vida do 21º andar, confirmando-se as declarações de Joel.

14h15m: Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12º andar.

14h30m: Mais nove mortos sao retirados do 15º andar.

15 horas: Os bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes.

15h45m: Os bombeiros chegam ao topo do edifício, encontrando mais de vinte mortos, na maioria carbonizados.

16h45m: Um padre chega áo topo do Joelma e administra a extrema-unção. Ao seu lado, bombeiros, médico, e policiais iniciam a identificação e remoção dos cadáveres.

17 horas: Os carros que estavam na garagem do edificio começam ser retirados.

17h30m: Carros-guinchos chegam ao local, para auxiliar no trabalho de limpeza da área.

Confira o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=-XbgbjYkX34