NÁDIA TEBICHERANE

Tenho medo de voar. Ainda assim, tenho estado sempre dentro de coisas que voam. O medo nos faz extremamente atentos, observadores e por que não dizer, neuróticos.

Sempre que entro em uma aeronave, olho atentamente os parafusos, alavancas, janelas, portas e tudo ao redor. Os motores têm que fazer o mesmo barulho do início ao fim da viagem. Caso contrário, algo muito grave está acontecendo.

Decolagem: frio no estômago, músculos tensos, tudo travado. Nesse momento, nenhuma lei da Física me convence ou explica como aquele monte de metal, gente e malas, consegue voar. Mas voa, nivela e é um dos meios mais seguros para viajar.

fear-of-flying-courses37xDepois que consigo me mexer no assento, tenho alguns pensamentos lógicos. Só pra relaxar.

Se um acidente nunca acontece por conta de um fator isolado; se é sempre uma cadeia de ocorrências que determina o acidente, então, existe uma cadeia de pessoas, profissionais envolvidos nessa segurança.

A segurança, então, começa e termina no homem, no ser humano. Outro dia, li uma matéria que dizia que todo acidente pode ser evitado. Pensei num monte de acidentes. É verdade. Se você pensar onde tudo começou e seguir todo o caminho, verá que em algum ponto houve uma falha no cumprimento das normas. E a falha poderia ter sido evitada.

Não é sobre o que cada um faria, é sobre acatar e praticar regras em conjunto.

Olho pra fora. O céu muito azul (ainda bem) ajuda a acalmar. Na poltrona à minha frente, as informações de altitude e temperatura fora do avião. Pra que isso? Medo.

Finalmente o pouso. Pra baixo todo santo ajuda. Pista correndo… Reverso…

Lá fora, já com meus pés no chão (abençoado seja), olho o pássaro de metal. Enquanto espera a próxima viagem, recebe atenção e cuidados de muitas pessoas que não param de se movimentar ao seu redor. Lá estão eles.

Agradeço a Deus e a cada um deles.