Tripulante Operacional – O Fiel Escudeiro
16 de junho de 2010 3min de leitura
Iniciar esse texto não é tarefa fácil, pois, nem sempre lembramos de reverenciar os valorosos Tripulantes Operacionais. São eles que conduzem os pilotos, são seus olhos e suas mãos e, em algumas vezes, seus guias. Temos sempre a tendência de enaltecer a perícia dos pilotos e, por vezes, não damos o devido valor aos verdadeiros operadores da Aviação de Segurança Pública – os Tripulantes Operacionais.
Fica mais difícil quando vemos a foto de um tripulante operacional, morto em operação, sendo carregado em uma maca fria. Um sentimento de vazio nos assola. Lembramos de sua família, seus filhos, seus colegas e amigos, da segurança, dos equipamentos, de nossos verdadeiros objetivos, no real sentido de nossas operações. Tudo passa em nossos pensamentos, mas, ao final, retorna o sentimento de vazio, de impotência frente ao inesperado.
O tripulante Operacional, profissional dedicado e corajoso, que leva, muitas vezes, em suas mãos, a salvação. Por vezes transforma-se em um “gladiador” frente aos leões e por outras num “monsenhor”, levando alimentos e acalento aos flagelados. Um fiel escudeiro em uma operação policial e um verdadeiro maestro em uma operação de salvamento.
Como pode ser tão corajoso, ficar preso somente em um pequeno pedaço de corda, fita ou cabo de aço e ainda sentir-se seguro? É exatamente isso que o distingue dos demais. Como digo: fazemos o que treinamos e treinamos para sermos os melhores, não só para nos sentirmos seguros, mas para darmos segurança àqueles que precisam de nós.
Para ser um Tripulante Operacional é necessário uma centena de requisitos e muitas horas de estudo, treinamento, concentração, paciência, calma, perseverança, e muito, muito mais. Sua “Bíblia” são os procedimentos operacionais, textos que contém práticas reiteradas, testadas, comprovadas e que padronizam todas as suas ações, entretanto, em uma aeronave de segurança pública, ou não, quando em atividades onde o risco está presente, TODOS devem estar padronizados (pilotos, médicos, enfermeiros, tripulantes operacionais, mecânicos e passageiros).
A padronização se inicia no pré-voo da aeronave e caminha pelo abastecimento, preparação dos equipamentos, “briefing” da tripulação, acionamento da aeronave, decolagem, execução da missão (momento de maior atenção e que põe à prova toda a padronização), retorno, pouso e só termina com o “debriefing” da operação.
O gerenciamento do risco é algo que deve estar internalizado em todos e o procedimento operacional deve ser entendido como um “dogma”, calcado na doutrina da segurança, no aprendizado contínuo e no aperfeiçoamento constante.
O Sd Luís era policial militar há 10 anos e formado como tripulante operacional em 2005 pelo BAPM/SC, Unidade de Aviação que prima pela segurança e pelos procedimentos operacionais. O policial estava prestando apoio ao IBAMA em suas operações, que, muito embora, não seja caracterizada como Aviação de Segurança Pública, realiza atividades de polícia administrativa na esfera de suas atribuições.
Fica aqui uma imagem e lembrança do Tripulante Operacional Luis Antônio Ricardo, em missão realizada no dia 8 de novembro de 2008, com o IBAMA 03, em São Félix do Xingu/PA, na Operação Boi Pirata, cuja tripulação era:
Comandante: Mariana (um dos mais experientes operando pelo IBAMA)
Co-piloto: Júlio (piloto e instrutor)
Fiel ” Escudeiro”: Luis Antônio Ricardo
Mecânico: Régis (também tripulante operacional de SC)
Flabeano Lara de Castro (Analista Ambiental – IBAMA)
A lição que tiramos de tudo isso é a necessidade de padronização de nossos procedimentos e operações, principalmente quando voamos “fora de sede” e com equipes mistas.
Para esposa e filhos fica a certeza que um Homem de Valor se foi, e sentimos muito por isso. Uma perda irreparável. Uma profunda tristeza. Luís Antônio retornou à Santa Catarina, da matéria virou pó e retornou ao azul do céu. Uma volta sem volta.
Mais um nobre guerreiro nos deixa. Salve todos os Tripulantes Operacionais e que transformemos esse momento de dor em uma fortaleza de amor e perseverança.
Texto de Eduardo Alexandre Beni, foto de O Mamoré e vídeo de Flabeano Lara de Castro (IBAMA)
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