Serviço Aeropolicial busca aporte para serviço aeromédico em Criciúma
28 de maio de 2017 7min de leitura
28 de maio de 2017 7min de leitura
Santa Catarina – Os benefícios trazidos pelo Serviço Aeropolicial (Saer) em cinco meses de atividades em toda região Sul foram destacados na noite do dia 23/05 pelo coordenador do Saer, delegado Gilberto Mondini, em sessão na Câmara de Vereadores de Criciúma, a convite do vereador Tita Belloli.
Dentre as melhorias, nos mais diversos setores de atendimento, a autoridade policial ressaltou a importância de trazer o serviço aeromédico, para o transporte de pacientes. Para que isso se torne realidade, estendendo ainda mais os benefícios ocasionados pelo emprego da aeronave, há necessidade de um convênio para a disponibilização de um médico e de um enfermeiro para poderem atuar junto ao Saer.
Mondini informou que no momento a maior probabilidade para que isso ocorra está em uma parceria com o Município – ou com todos os municípios da região de abrangência do Saer -, já que, por enquanto, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) carece de efetivo. Na tribuna, os vereadores explanaram a necessidade de mobilização, porém não só de Criciúma.
“É necessário mover os outros municípios da região até para compartilhar os custos”, colocou o presidente da Câmara, vereador Júlio Colombo. Um requerimento coletivo será enviado ao Executivo local para saber se é possível a disponibilização de um médico e de um enfermeiro.
Mondini lembrou que de todas as regiões do Estado que dispõem de aeronaves, seja das polícias, do Samu ou do Corpo de Bombeiros, somente o Saer de Criciúma não conta com o resgate aeromédico.
“A unidade de Chapecó conseguiu um convênio com a Municipalidade. Estamos buscando todas as tratativas possíveis para que, ao menos durante o dia, a equipe fique na base para que possamos atender com rapidez, minimizando sequelas e o risco de morte, o que é algo impagável e somente possível com o tempo-resposta dado pela aeronave”.
O coordenador do Saer também indicou a importância de um heliponto, o que não existe no Hospital São José, por exemplo. “Já conversamos com as irmãs para tentarmos achar alguma alternativa e há alguns terrenos nos fundos que podem servir de heliponto”, comentou. Já no Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC) há possibilidade da construção de um, devido à amplitude no estacionamento.
“É só cercar e pintar. A direção do HMISC já sinalizou a possibilidade. Com base em outros atendimentos, cito Chapecó: 40% dos casos de resgates médicos têm como vítimas crianças. Da parte policial, de resgate e salvamento, estamos completos e bem entrosados em toda região, não somente em Criciúma, porém carecemos do atendimento aeromédico”, reforçou, reconhecendo que o momento financeiro por que passam as prefeituras não é dos melhores.
“Mas temos que mostrar para toda sociedade o quanto isso é importante e que vai além de questões políticas, porque o benefício é para a população. Toda vez que se fala no assunto, a primeira pergunta é sobre quanto que vai custar. Há um custo, porém estamos tratando de vidas, de sequelas, e temos que relevar é o custo/benefício”, enalteceu.
O secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Criciúma, João Fabris, que esteve presente na sessão, também citou a necessidade de produzir um ofício acerca do tema para a associação dos municípios da região.
“O Governo do Estado fez sua parte e trouxe esse presente, o Saer, para Criciúma e toda região. Infelizmente, quando precisamos de algo em benefício de todos, parece que todo mundo se divide. Precisamos de união”, destacou.
Em cinco meses, mais de 200 missões
Foram exatas 203 missões realizadas pelo Saer desde o fim do ano passado, a maioria voltada à área policial e todas em apoio. Fabris recordou a importância das empresas parceiras para agilidade na obra do heliponto, situado no Bairro Vila Macarini, no Distrito de Rio Maina.
“Esse foi o melhor equipamento, o melhor produto que Criciúma ganhou. A aeronave, com policiais armados de cima, já impõe muito respeito”, reforçou.
Para Mondini, a parte mais difícil num serviço aeropolicial é conseguir a aeronave. “E isso nós já temos. Somos 14 tripulantes operacionais, quatro comandantes e três copilotos, todos policiais. Atuamos com equipe de três e um sempre fica na base, atendendo os chamados e monitorando as ocorrências. Dois policiais ficam cada um com um fuzil, em cada lado da aeronave”, explicou.
“Nosso número de atendimentos chama atenção, pois é possível notar o quanto estamos voando e o quanto essa região era carente desse tipo de atendimento. São 225 horas de voo. Ressalto que a maioria das missões são policiais e o Saer não faz nada sozinho. Todas as atuações foram em conjunto, principalmente com as polícias”, expõe. Foram ainda 11 veículos, furtados ou roubados, recuperados e 19 armas de fogo apreendidas.
Mondini afirmou que Santa Catarina é o terceiro estado no Brasil em referência no que diz respeito à expertise na atividade aérea, perdendo somente para Rio de Janeiro e São Paulo.
“Temos uma gama de serviços e uma quantidade abrangente de órgãos que podemos auxiliar. Aqui em Criciúma já tivemos o prazer de ajudar a Prefeitura em duas situações, envolvendo eventos climáticos, com levantamento fotográfico, e a Secretaria de Planejamento na identificação de loteamentos clandestinos”, exemplificou.
Uma parceria com a SC Transplantes também viabiliza o transporte de órgãos. “Para se ter uma ideia, um coração tem ‘duração’ de quatro horas e só é possível o transporte rápido com o uso da aeronave”, observou. Mondini também citou a utilização do helicóptero nas buscas a uma embarcação, exemplificando ainda os vários tipos de resgates que os policiais do Saer estão capacitados a fazer.
“Aquático, em altura, ou seja, inúmeros tipos de resgates e salvamento nas mais diversas situações críticas. Fora o que foge à situação médica, estamos todos preparados”, afirma, apontando as ferramentas das quais o Saer dispõe, como cestos e macas, para vítimas que estão em locais de difícil acesso, como em topo de prédio em chamas, mar e região de serra.
Mondini confessa que ainda não é possível realizar voos noturnos, já que o heliponto não está homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas que as tratativas estão em andamento. “O que não impede de nos deslocarmos até o aeroporto se houver necessidade”, explana.
Diversos auxílios
O coordenador complementa que o Saer também vem auxiliando o Ministério Público nas questões ambientais e de execuções criminais e o Poder Judiciário, em razão do envio de relatórios ao Conselho Nacional de Justiça, com fotos aéreas, dentre outros tipos de mediações.
“Como também o Departamento de Administração Prisional (Deap), haja vista Criciúma ter duas unidades, uma delas de ponta, a Penitenciária Sul, onde há os ‘cabeças’ de facções criminosas. No último sábado, houve um pequeno tumulto no Presídio Santa Augusta e o diretor, Rodrigo Ferreira, nos informou que o apoio da aeronave foi fundamental”, relatou.
Além disso, dentre as polícias, Civil, Militar, Federal e as Rodoviárias, o Saer dá apoio à Defesa Civil, Samu, Corpo de Bombeiros, missões humanitárias e no transporte de órgãos.
“Que é um tipo de missão que nos deixa muito gratos, pois sabemos da importância da aeronave no tempo-resposta”, destacou. Mondini também frisou a integração entre as instituições.
“O Canil da PM já foi em duas ocorrências, uma em Araranguá e outra em Tubarão, e, em ambas, houve êxito na captura dos criminosos. Quanto antes o cão chegar, mais fácil a localização pela questão do faro”, explicou.
O policiamento tático da PM já passou por curso para atuar junto à aeronave. “Semanalmente realizamos treinamentos para que consigamos atender todas as missões”, menciona. O coordenador do Saer destacou a atuação da aeronave na desarticulação de uma quadrilha de caixeiros que atuou em São João Batista e abandou um carro, com forte armamento, em Sombrio.
Fonte: Clica Tribuna, Talise Freitas.
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