Em Setembro de 2013, foi realizado na Alemanha, o segundo encontro anual ADAC HEMS Academy, um evento de “networking” de operadores aeromédicos de EC145 e EC145 T2.

A ADAC HEMS Academy, fundada em julho de 2009, foi formada para ajudar na formação e integração das diversas especialidades de tripulantes de missões aeromédicas, como pilotos, médicos e enfermeiros. O centro de treinamento é composto por uma sala de simulador e salas de treinamento com equipamentos multimídia  para as sessões individuais ou em grupo para os pilotos, médicos e paramédicos.

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A parte dos simuladores compreende em equipamentos de voo completos para tipos EC135 e EC145 (FFS Nível A ao JAR-FSTD H), bem como em simuladores de atendimento médico Christopher Sim e sala de treinamento de atendimento de traumas.

Falando sobre as razões da criação do encontro, Thomas Gassmann, diretor de vendas e negócios da ADAC HEMS Academy, afirmou que “com o advento da rápida evolução de pequenos operadores de helicópteros em missões aeromédicas, políciais, offshore e transporte VIP, a troca de conhecimento torna-se primordial, a fim de garantir a melhor formação para pilotos e equipes”.

O evento de networking deste ano reuniu gerentes de operações de vôo e chefes de treinamento de operadores de EC145 distribuídos por 15 países, principalmente da Europa, mas também de lugares como Austrália, Japão e Brasil.

O primeiro dia começou painéis de discussão sobre sistema de óculos de visão noturna (NVG / NVIS) com apresentações individuais de cinco operadores europeus: ADAC-Alemanha, HDM-Alemanha, Rega-Suíça, INAER-Espanha e do U.S. Army Falcon Team – JMRC, baseado em Hohenfels, na Alemanha.

Em grande parte operadores discutiram suas diferentes abordagens para a utilização NVG em termos de composição da tripulação, treinamento e limitações de infra-estrutura e equipamentos. “A variedade de abordagens operacionais sendo empregadas para alcançar o mesmo objetivo foi surpreendente, chega a impressionar até o mais experiente dos operadores presentes”, disse Gassmann.

A DRF Luftrettung é um grande operador alemão de helicópteros aeromédicos com uma extensa frota de aeronaves rotativas e de asa fixa: 16 EC135; sete EC145; 25 BK117s; quatro Bell 412 e três Bombardier Learjet 35. Essas aeronaves operaram a partir de 28 bases na Alemanha e duas na Áustria. No total, sua equipe de pessoal compreendem em 180 pilotos, 300 tripulantes paramédicos; 500 médicos de emergência e outros 70 técnicos.

A HDM Luftrettung é uma subsidiária da DRF fundada em 1972 e atualmente opera em missões aeromédicas com uso de sistema de imageamento noturno (NVIS) de três das suas cinco bases aeromédicas, em Munique (2009), Regensburg (2010) e Berlim (2011). Sua frota compreende em cinco EC145s (que são certificados NVIS pela EASA), bem como quatro Bell 412 HP/EP com equipamentos NVIS, mas sem certificação da EASA. Os óculos de visão noturna utilizados pela HDM Luftrettung são dos modelos ITT 4949 e Nogalight NL 93 (com tubos XR5).

De acordo com Volker Schreiber, da HDM, todos os seus helicópteros e pilotos são certificados IFR dual-pilot para missões IFR e noturna. Ambos os pilotos usam óculos de visão noturna montados no capacete de voo, que são usados ​​para as fases de decolagem, em rota e para pouso (conforme necessário). No entanto, as equipes de resgate em terra devem preparar as áreas de pouso remotas, que inclui a sua iluminação e a iluminação de riscos e obstáculos imediatos.

O capitão Nathan Stewart, do Exército dos EUA,  destacou aos operadores de NVG como é importante entender que as características de desempenho de seus equipamentos são afetados pelo ambiente da missão em si, como o grau de iluminação, as características do terreno, as diferentes estações do ano, a fase e posição da lua, entre outros: “Lembre-se, especificações e capacidades de desempenho mudam. O que te fornece precisão hoje, pode não ter precisão amanhã! “

Carlos de la Cruz Caravaca, gerente de base aeromédica do operador espanhol INAER, disse que suas tripulações atingiram a marca de uma média de 1.539 horas de voo noturno no mês de julho de 2013, e acrescentou que 25 por cento dos voos de sua organização são noturnos (170 das 660 horas voadas por helicóptero. Ele é sediado na base de Castilla la Mancha, onde o operador mantém quatro aeronaves (dois EC135 e dois EC145), que cobrem praticamente toda sua a área de operações em missões noturnas com um tempo de resposta de cerca de 30 minutos. As operações noturnas começaram em 2006, e através de um processo de construção de infra-estrutura, cerca de 225 locais de pousos identificados e utilizáveis em missões noturnas estarão disponíveis ​​até o final de 2013.

O operador suíço Rega voa operações aeromédicas com uso de sistema de imageamento noturno (NVIS) desde 1988. Voando 1.250 missões por ano, Lukas Kistler afirmou que a razão para o uso do óculos de visão noturna era “aumentar a segurança da operação, e não o envelope da missão”.

Ele acrescentou que “regra de ouro” da Rega para a operação NVG era de usá-los nas fases de voo que eles se provam melhor do que o olho humano, como subida, cruzeiro, reconhecimento de local de pouso e aproximação para pouso. Ele concordou com outros palestrantes que pairados, decolagem, pouso e manobras perto de obstáculos são manobras geralmente melhor realizadas sem a utilização de óculos de visão noturna. Citando estatísticas do Exército dos EUA, disse que 95 por cento de todos os incidentes com a utilização de NVG acontecem quando o helicóptero está pairado próximo do solo.

O conceito de tripulação da Rega era ter um único piloto com formação NVG usando óculos de visão noturna montados no capacete. O tripulante aeromédico também tem treinamento de visão noturna, mas utiliza um equipamento portátil manual. O médico de bordo não tem treinamento ou equipamento com  NVG. Ele acrescentou que a comunicação é muito importante entre a tripulação,  mesmo que seja apenas simples fraseologia de “com óculos”, “sem óculos” ou “óculos de visão noturna fora”.

No final do primeiro dia, foi apresentou por Mark Wentink, chefe de tecnologia da empresa holandesa Desdemona, um relatório sobre o treinamento de desorientação em ambientes noturnos. Com óculos de visão noturna, os pilotos tem de estar conscientes do efeito que um campo de visão menor tem em suas referências visuais. Foi levantado também as questões de falsos horizontes durante o pairado, a experiência de redução de contraste do visor quando pousando em local iluminado e o perigo de percepções diversas de velocidade / altura em baixo nível de voo.

O segundo dia foi focado em relatos de experiências e começou com a apresentação de dois pilotos, Masahiro Nakamura, do operador Aero Asahi do Japão, e Peter Howe, da CHC Austrália. A operadora Aero Asahi tem um passado de zero acidentes em operações aeromédicas desde 2001, disse Nakamura, apesar de uma média de cerca de 350 missão aeromédicas por cada base em todo o território japonês.

As aeronaves utilizadas pela Aero Asahi incluem EC135, BK117C2 (EC145), MD900, Bell 429 e AgustaWestland AW109. As missões aeromédicas no Japão ainda incluiu o apoio a catástrofes nacionais pós-terremoto e tsunami. Nakamura acrescentou que o helicóptero favorito do pessoal médico continua sendo o BK117, devido ao seu espaço interno e a capacidade adicional de transportar mais de 100 kg de equipamentos médicos. No entanto, ele disse que o desempenho dos novos EC145 irá trazer uma diferença significativa ao aumentar o desempenho e limites de decolagem.

Por final, Thomas Hutsch de ADAC Luftfahrttechnik e Stefan Brade de ADAC Luftrettung, expuseram os motivos e razões da recente decisão da ADAC Luftrettung em encomendar junto a Eurocopter 14 novos EC145T2. Do ponto de vista de treinamento e requalificação, foi apresentado o processo e o cronograma necessário para fazer todas as mudanças na composição do simulador atual e no desenvolvimento de um simulador de EC145T2 adicional na academia, bem como na oferta feita para todos os novos cliente de EC145T2 para se envolverem com este novo desenvolvimento.

Ao encerrar o evento de 2013, Thomas Gassmann anunciou que o próximo encontro será realizado novamente em 04 e 05 setembro de 2014.

Fonte: Rotor & Wing / Texto: Andrew Drwiega (traduzido e adaptado do original em inglês pelo Piloto Policial)