Custo anual do uso de helicópteros pelo SAMU equivale a 2,6% do custo de acidentes com mortes
19 de fevereiro de 2015 3min de leitura
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O custo anual do emprego dos dois helicópteros adquiridos pelo Estado do Rio Grande do Sul em 2014, para a equipe do SAMU aéreo, representa um percentual de apenas 2,6% do custo total anual com eventos de acidentados em estradas federais que resultaram em morte no RS pela falta de atendimento adequado e completo nas primeiras 24 horas.
A conclusão é de um estudo elaborado pela empresa Aeromot Aeronaves e Motores, que contesta avaliação do atual secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, que, no final de janeiro, questionou a compra dos helicópteros e classificou o serviço de atendimento aeromédico como “totalmente dispensável”. “A combinação de esforços para potencializar a excelência de um serviço tão nobre quanto o de salvar vidas não pode ser simplesmente analisado como sendo um custo mensal excessivo de R$ 156.000,00, ou ainda, rotular um serviço tão nobre como esse de dispensável’, diz o estudo.
O governo Tarso Genro investiu R$ 26 milhões na aquisição de dois helicópteros para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As duas aeronaves da marca Augusta Westland, modelo Koala AW 118 Kx, foram adquiridas para serem utilizadas em atendimentos e resgates feitos pelo SAMU, dentro do projeto Aero Médico Estadual.
Segundo documento elaborado em 2004 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), sobre o custo de acidentes de trânsito nas rodovias federais, 91,3% dos óbitos em acidentes ocorrem nas primeiras 24 horas, comprovando a necessidade do pronto-atendimento como única forma de reduzir esse índice. Somente naquele ano, os custos com acidentes que resultaram em mortes superaram a casa de R$ R$ 1,6 bilhões (R$ 1.606.816.358,00).
Fazem parte destes gastos, entre outros fatores, custos médico-hospitalares, custos administrativos de processos judiciais, operações de sistemas de atendimento, danos ao patrimônio público e perda de rendimentos futuros. Esses custos, sustenta o estudo, poderiam ser reduzidos caso os acidentados tivessem um sistema de pronto-atendimento rápido e eficiente que somente o emprego de helicópteros poderia prover.
Considerando o custo anual apontado pelo levantamento do DNIT, o custo unitário por acidente resultante em mortes seria de R$ 374.811,00. Naquele ano, o Rio Grande do Sul apresentou um quantitativo de 4.389 feridos somente em rodovias federais, com um percentual de 7,2% de óbitos (316 pessoas, em rodovias federais).
Lembrando que 91,3% dos óbitos em acidentes ocorrem nas primeiras 24 horas, o estudo conclui que o custo estimado com mortes no RS, que poderiam ser evitados através do pronto atendimento com helicóptero aeromédico, seria superior a R$ 107 milhões (374.811,00 x 316 x 0,91 = R$ 107.780.651,16). Já o custo anual dos dois helicópteros modelos Koala adquiridos pelo governo gaúcho em 2014 seria de R$ 2,8 milhões (R$2.805.160,80).
Isso considerando-se apenas os acidentes com morte ocorridos em estradas federais. “Se analisarmos todos os outros tipos de acidentes em rodovias estaduais e ainda os outros acidentes que não sejam de carros, a economia financeira é muito grande para o estado”, sustenta ainda o estudo da Aeromot.
Maicon Vargas, ex-coordenador do SAMU, coordenador médico da equipe de atendimento aéreo até o início deste ano, também contesta o diagnóstico do secretário da Saúde sobre a importância do serviço. Ele aponta que, nos últimos 12 meses, o grupo realizou 140 operações de socorro e atendimento, entre eles os resgates dos praticantes de rapel, em Maquiné, e das vítimas do acidente com o ônibus da Unesul, em Glorinha. O grupo atuou ainda no socorro de vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, em 2013. Ele questiona também o discurso do secretário da Saúde quando este disse que houve só 24 salvamentos no ano passado. “Só? Ele acha pouco o salvamento de 24 vidas? E foram 24 só pelo SAMU aéreo. Infelizmente estamos assistindo ao desmantelo de algo construído com extrema dificuldade durante dois anos e meio”.
Fonte: Sul 21
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