Vamos falar de um assunto simples, mas de muita importância para a segurança operacional: a sinalização de pátio para aeronaves (aviões e helicópteros) e o papel do sinalizador (também chamado de balizador ou sinaleiro – termo utilizado pela ICA 100-12). Na Aviação de Segurança Pública essa função pode ser exercida pelo mecânico de aeronave, tripulante operacional ou pelo pessoal de apoio de solo. Nos aeroportos essa função é do Fiscal de Pátio.

Inicialmente, para uma operação segura, o sinalizador deverá dispor dos seguintes equipamentos básicos:

1. Equipamento de Proteção Individual (óculos de proteção, protetor auricular e abafador de ruídos).
2. Colete refletivo.
3. Raquetes de sinalização refletivas ou luvas refletivas para o período diurno.
4. Lanternas refletivas para o período noturno.
5. Capas de proteção para dias chuvosos.

Dispondo destes equipamentos o sinalizador deverá atentar para algumas situações perigosas, como, por exemplo:

1. Chegada de mais de uma aeronave para o pouso.
2. Decolagem simultânea de aeronaves.
3. Tráfego intenso de aeronaves na taxiway.

Assim, o sinalizador terá que cumprir uma sequência de ações, que podem ser resumidas, conforme segue:

1. Estar sempre em posse do material necessário para executar sua função.
2. Antes do acionamento da aeronave, posicionar-se à frente dela.
3. Atentar para que não haja fluxo de pessoas durante o procedimento de partida, com exceção dos tripulantes e passageiros da aeronave.
4. Estar sempre em contato visual com o mecânico de pátio e todo o movimento aos redores quando os rotores estiverem em acionamento.
5. Somente proceder a liberação de decolagem ao piloto, após certificar-se de que o mecânico de pátio fechou a porta do 1P (comandante da aeronave) e tomou distância de segurança.
6. Antes de sinalizar a liberação da aeronave observar o tráfego de aeronaves em todos os sentidos da taxiway, no céu acima do pátio e presença de aves ou pipas.
7. Ao liberar a aeronave utilizar os sinais padrão de balizamento para helicópteros.
8. Atentar para o retorno das aeronaves que estão em vôo ou para a chegada de outras aeronaves que tenham autorização de pouso nos pátios.
9. Consultar junto ao mecânico de pátio se houve alteração de local de pouso de aeronaves que estão em vôo.
10. Estar posicionado para o balizamento da aeronave que vem para pouso antes mesmo de que ela ingresse na taxiway, com a finalidade de não permitir o trafego de pessoas pelo pátio de manobras.
11. Adotar movimentos claros e bem definidos para que não haja interpretação errônea pelo piloto.

O sinalizador, cumprindo essas regras, observando também o disposto na IAC 2308, alcançará os resultados esperados, como:

1. Que nenhuma aeronave pouse ou decole sem o balizamento do sinalizador.
2. Que o sinalizador esteja sempre trajando o colete refletivo e utilizando seus equipamentos de proteção individual.
3. Que o sinalizador esteja sempre em contato com o mecânico de pátio (se este não for o sinalizador) para estar ciente de qualquer alteração que possa ocorrer.
4. Que o sinalizador não seja empregado em outra função em prejuízo a sua função principal.
5. Que o sinalizador utilize a sinalização padrão para execução do balizamento.

A ICA 100-12 (pg 247 a 255) preconiza os sinais para manobras no solo, onde os sinais serão indicados para uso do sinalizador, com suas mãos convenientemente iluminadas para facilitar a observação por parte do piloto, postando-se à frente da aeronave em uma posição, conforme segue:

1. Para aeronaves de asa fixa, à frente da extremidade da asa esquerda e dentro do campo de visão do piloto, à esquerda da aeronave, onde possa ser visto pelo piloto; e
2. Para helicópteros, onde o sinalizador possa ser visto pelo piloto.

O significado dos sinais permanece o mesmo, quer sejam empregadas raquetes, balizas iluminadas ou lanternas. Os motores das aeronaves são numerados, para o sinalizador situado à frente da aeronave, da direita para esquerda; isto é, o motor n.º 1 é o motor externo da asa esquerda.

As referências às balizas podem também ser interpretadas como relativas a raquetes do tipo das de tênis de mesa com fluorescentes ou a luvas (somente durante o dia).

As referências ao sinalizador podem também referir-se ao manobreiro. Os sinais indicados nas figuras 1-26 à 1-30, abaixo, destinam-se à orientação de helicópteros em voo pairado.

Feitas as recomendações de segurança e de procedimentos, vamos agora, se forma esquemática, demonstrar os principais gestos que o sinalizador deverá fazer para o piloto da aeronave:

Fonte: ICA 100-12, pg 247 a 255

Sinais para carga externa: são sinais que não constam na relação da ICA 100-12, mas que são padronizados para o uso de carga externa.

Sinais para carga externa

Outra questão interessante obordada pela ICA 100-12 são os sinais que o piloto da aeronave deve fazer para o sinalizador. Segundo a Instrução os sinais serão executados pelo piloto em seu posto, com as mãos bem visíveis para o sinalizador, e iluminadas, quando necessário, para a perfeita observação pelo sinalizador.

SINAIS EFETUADOS PELO PILOTO DA AERONAVE AO SINALIZADOR:

1. FREIOS

NOTA: O momento em que se cerra o punho ou em que se estendam os dedos, indica, respectivamente, o momento de acionar ou soltar o freio.

1.1 Freios acionados:
Levantar braço e mão com os dedos estendidos horizontalmente adiante do rosto; em seguida, cerrar o punho.

1.2 Freios soltos:
Levantar o braço, com o punho cerrado horizontalmente adiante do rosto; em seguida, estender os dedos.

2. CALÇOS

2.1 Colocar calços:
Braços estendidos, palmas das mãos para fora, movendo as mãos para dentro, cruzando-se adiante do rosto.

2.2 Retirar calços:
Mãos cruzadas adiante do rosto, palmas para fora, movendo os braços para fora.

3. PRONTO PARA DAR PARTIDA NOS MOTORES

Levantar o número apropriado de dedos da mão, indicando o número do motor a ser acionado.


Atualização: Respeitando os oportunos comentários feitos no presente artigo e, a fim de não causar conflitos entre procedimentos, atualizamos alguns sinais, seguindo fielmente o que preconiza a ICA 100-12. Foram utilizados os diagramas dessa Instrução e que facilitarão a leitura e visualização dos sinais.


Curso: A Infraero possui curso de Formação de Fiscais de Pátio, com carga horária de 160 horas, que atende às exigências operacionais e à legislação que regula a atividade, tem como objetivo capacitar os funcionários para exercer a função, mantendo os níveis de segurança operacional e a qualidade dos serviços aeroportuários.


Texto: Eduardo Alexandre Beni

Referências: Normas e manuais sobre balizamento de aeronaves, Procedimento do GRPAe de São Paulo, IAC 2308 e ICA 100-12.